Com a taxa Selic atualmente em 10,50% ao ano, muitas pessoas estão buscando formas de investir que superem esse rendimento. Um levantamento recente revelou 19 ações na Bolsa de Valores que conseguem entregar um retorno com dividendos superior à taxa básica de juros. Mas quanto seria necessário investir nesses papéis para garantir uma renda mensal que cubra uma cesta básica?
Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos, realizou um estudo exclusivo para responder essa pergunta. A análise indica o patrimônio necessário para ter uma renda de R$ 822,84 por mês, que é o valor da cesta básica em São Paulo para abril de 2024, segundo o Dieese. Mas, vale a pena investir nesse tipo de ação para esse fim? E quanto tempo levaria para alcançar esse objetivo?
Quanto Investir para Garantir uma Renda Básica?
Para garantir uma renda capaz de comprar uma cesta básica mensalmente, seria necessário investir um determinado montante em ações que pagam bons dividendos. A tabela abaixo mostra os valores específicos para algumas das ações analisadas:
- Petrobras (PETR4): R$ 32.874,11
- Petrobras (PETR3): R$ 36.299,29
- Metal Leve (LEVE3): R$ 57.940,59
- Bradespar (BRAP4): R$ 75.392,67
- Auren (AURE3): R$ 82.841,39
Quanto Tempo Leva para Atingir o Objetivo Com Aportes Mensais?
Se você decidir investir R$ 400 todo mês nessas ações e reinvestir todos os dividendos recebidos, o tempo para atingir o patrimônio necessário varia. No caso da Petrobras (PETR4), por exemplo, seriam 3 anos e 11 meses.
Já se você optar por gastar os dividendos em vez de reinvesti-los, o tempo para alcançar o objetivo aumenta consideravelmente. Veja abaixo o tempo necessário para algumas das ações, se optarmos pelo reinvestimento dos dividendos:
- Metal Leve (LEVE3): 6 anos e 10 meses
- Bradespar (BRAP4): 8 anos e 9 meses
- Auren (AURE3): 9 anos e 7 meses
- Cemig (CMIG4): 10 anos e 3 meses
Vale a Pena Investir Nestas Ações?
Para quem busca uma estratégia de renda mensal, as ações que pagam dividendos acima da Selic podem ser atrativas. Segundo analistas, algumas das melhores opções incluem Banco do Brasil (BBAS3), Petrobras (PETR4), Cury (CURY3), CPFL Energia (CPFE3), Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Auren (AURE3) e Brasilagro (AGRO3).
Essas empresas são vistas como mais perenes e possuem fundamentos robustos. Por exemplo, o Banco do Brasil tem uma forte presença no mercado de previdência e resultados robustos nos últimos 4 anos. Já a Petrobras tem uma política clara de distribuição de proventos, estabelecendo uma distribuição de 45% do seu fluxo de caixa livre.
Banco do Brasil é uma Boa Opção?
O Banco do Brasil se destaca pela regularidade no pagamento de dividendos e pela sua governança corporativa eficaz. Mesmo sendo um banco estatal, ele demonstrou ser capaz de gerar resultados impressionantes, superando, inclusive, concorrentes do setor privado.
Analistas projetam um dividend yield de 10,5% para os próximos 12 meses. Além disso, o banco tem um preço-teto de compra para garantir pelo menos 6% de yield, que é de R$ 47,66 para as ações BBAS3. Hoje, o BB é considerado o banco mais barato da Bolsa com potencial de valorização significativo.
Quais São as Perspectivas para a Petrobras?
A Petrobras tem oferecido bons retornos com sua política generosa de proventos. Conforme afirmou Gabriel Duarte, analista da Ticker Research, a qualidade do petróleo explorado pela empresa é uma de suas vantagens competitivas. No entanto, o fato de ser estatal pode implicar riscos de ingerência política.
Nos últimos quatro ou cinco anos, o preço do petróleo esteve em um patamar alto, permitindo à Petrobras manter uma boa estrutura de capital, baixo endividamento e uma geração de caixa suficiente para entregar dividendos elevados. Duarte projeta um dividend yield de 18% para os próximos 12 meses, com um preço-teto de compra de R$ 40 para as ações PETR4.
Considerações sobre Auren e Brasilagro
A Auren, uma empresa do setor de geração de energia, também se mostra promissora no longo prazo, especialmente após a combinação de negócios com a AES Brasil Energia. A nova companhia será a terceira maior geradora de energia do Brasil. Analistas são conservadores a curto e médio prazo, esperando que o lucros e dividendos chegue a 5,5% em 2025.
Já a BrasilAgro enfrenta desafios devido aos fenômenos climáticos e recentes catástrofes. Analistas projetam um lucro e dividendo de 10% para os próximos 12 meses, caso a empresa mantenha seu ritmo de venda de terras.
Essas análises demonstram que é viável garantir uma renda básica mensal investindo em ações que pagam dividendos acima da Selic, desde que o investidor tenha uma estratégia bem definida e compreenda os riscos e benefícios envolvidos.