A recente medida do governo brasileiro de liberar o saldo do FGTS para trabalhadores que aderiram ao saque-aniversário tem gerado discussões sobre seus impactos econômicos. A iniciativa visa injetar bilhões de reais na economia, divididos em duas parcelas, uma em março e outra em julho de 2025. Essa estratégia já foi utilizada por governos anteriores e, embora estimule a economia, também pode pressionar a inflação.
O saldo total do FGTS será liberado para trabalhadores demitidos entre janeiro de 2020 e a data da publicação da Medida Provisória. Estima-se que 12,1 milhões de pessoas serão beneficiadas, mas 80% delas não receberão o valor integral devido a antecipações feitas com instituições financeiras. Essa liberação é vista como uma tentativa de estimular o consumo e, consequentemente, a economia brasileira.
Quem tem direito ao saque do FGTS?
Os trabalhadores que foram demitidos sem justa causa entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2024 e optaram pelo saque-aniversário têm direito a sacar o saldo retido do FGTS. Com a nova regra, não é necessário sair da modalidade de saque-aniversário para acessar os recursos. Além disso, mesmo que o trabalhador já tenha um novo emprego, ele poderá acessar os valores relativos ao vínculo anterior.
Como consultar e sacar os valores do FGTS?
Para saber quanto tem a receber, o trabalhador pode consultar o extrato de suas contas do FGTS através do aplicativo oficial. Os valores de até R$ 3 mil serão depositados a partir de 6 de março, enquanto o excedente será liberado a partir de 17 de junho. Os recursos serão creditados automaticamente na conta cadastrada no aplicativo do FGTS.
- Os saques podem ser realizados com o cartão cidadão e senha nas lotéricas e terminais de caixa eletrônico.
- Sem o cartão cidadão, é necessário ir a uma agência da Caixa com documento pessoal e carteira de trabalho.
- Consultas sobre o direito ao saque podem ser feitas nas agências da Caixa, pelo telefone 0800 726 0207 ou via App FGTS.
Qual o impacto econômico da liberação do FGTS?
Analistas financeiros preveem que a liberação de R$ 12 bilhões adicionais na economia em 2025 terá dois efeitos principais: estimular a atividade econômica e pressionar a inflação. O aumento do consumo pode levar o Banco Central a adotar uma política de juros mais restritiva para controlar a inflação.
De acordo com André Matos, CEO da MA7 Negócios, o impacto no varejo pode ser significativo, contribuindo para a recuperação econômica. No entanto, ele alerta para o risco fiscal e a volatilidade política, que aumentam a cautela dos investidores. Volnei Eyng, CEO da Multiplike, observa que a medida ocorre em um momento de desaceleração econômica e inflação alta, sendo uma tentativa de impulsionar a economia e melhorar a popularidade do governo.
O que dizem os especialistas sobre a medida?
Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, avalia que a liberação do FGTS aquece momentaneamente a economia, mas não resolve os desafios estruturais do crescimento. Ele destaca que a medida pode entrar em conflito com a política monetária do Banco Central, que busca conter a inflação com juros elevados. A decisão também possui um componente político, reforçando a popularidade do governo em um cenário econômico instável.