O Tribunal de Justiça do Maranhão anunciou uma decisão inédita contra os bancos Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, e Santander, além da Febraban, devido a propaganda enganosa relacionada à suspensão de pagamentos de empréstimos e financiamentos durante a pandemia da Covid-19. A medida foi tomada pelo juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos.
Essa sentença determina que os bancos devolvam em dobro os valores dos juros cobrados indevidamente e que compensem os clientes por danos morais. A decisão visa pôr fim a práticas abusivas que afetaram inúmeros consumidores em um momento de crise sanitária e financeira no país.
Entenda a Propaganda Enganosa: O Que Realmente Aconteceu?
Durante os meses críticos da pandemia, os bancos prometeram prorrogar o vencimento de dívidas de empréstimos e financiamentos por 60 dias, direcionadas a pessoas físicas e pequenas empresas. No entanto, ao invés de cumprir o prometido, ocorreu uma renegociação silenciosa e não informada que aumentou o montante das dívidas, pegando muitos consumidores de surpresa.
Decisão Judicial: Como Isso Impacta os Consumidores?
A decisão judicial abrange contratos firmados desde 16 de março de 2020. Segundo a sentença, os bancos devem não apenas devolver os juros cobrados em dobro, mas também pagar uma indenização de 10% sobre o valor de cada contrato, como compensação pelos danos morais sofridos.
Para evitar a sobrecarga do sistema judiciário, o juiz determinou que a restituição será automática. Consumidores com contratos ativos terão os valores descontados nos seus pagamentos futuros, enquanto quem já quitou suas dívidas receberá os valores de forma direta.
Febraban Vai Recorrer: Quais os Próximos Passos?
Em resposta, a Febraban anunciou que pretende recorrer da decisão. A entidade argumenta que durante a pandemia, os bancos implementaram medidas essenciais para apoiar a população, incluindo a manutenção dos serviços bancários e a renegociação de contratos. A Febraban também destacou que foram feitas doações de mais de R$ 2 bilhões no período.
No entanto, as justificativas não alteram o fato de que a justiça considerou as práticas como propaganda enganosa, pois faltou transparência na comunicação com os consumidores.
Contrapropaganda: Os Bancos Devem Corrigir Seus Erros?
Um ponto relevante da sentença é a exigência de contrapropaganda. Os bancos terão que utilizar os mesmos meios e formas das campanhas anteriores para informar os consumidores sobre as práticas enganosas e seus efeitos negativos. Essa medida visa assegurar que os consumidores recebam informações corretas e compreendam os prejuízos causados.
A Participação das Instituições de Defesa do Consumidor
A ação coletiva foi impulsionada pelo Instituto Defesa Coletiva, Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo, Ministério Público e Defensoria Pública do Maranhão. Os réus da ação incluem Banco do Brasil, Itaú Unibanco Holding S.A., Banco Bradesco, Banco Santander (Brasil), Febraban, Banco Itaú Consignados S/A e Banco Bradesco Financiamentos.
Importância da Decisão para os Direitos dos Consumidores
Além de buscar reparação financeira para os consumidores lesados, a decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão também serve como um marco para as mais diversas práticas bancárias no Brasil. Ela reforça a necessidade de transparência e honestidade na comunicação das instituições financeiras com seus clientes, especialmente em situações de crise.
Agora, resta aguardar os próximos passos no processo, especialmente em relação ao recurso da Febraban. Independentemente do desfecho, a decisão já destaca um avanço significativo na proteção dos direitos dos consumidores brasileiros.